sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Lembranças



Como é difícil
Como dói jogar lembranças fora
Elas não querem
Elas não saem
Elas não podem ter seus destinos
Estampados em latas de lixo
Elas não são para isso
Elas não podem ter esse fim
Expressas em papéis de presente
Desenham o passado e o presente
Em lembranças que doem
Outras que emocionam.
Fotos e papéis não são só látex
E tintas e dizeres e datas
Fotos e papéis são lembranças
Que diante de nossos olhos
Explodem em recordações
Há tempos esquecidas no inconsciente
Mas que, remexidas com a poeira
Das caixas, pastas e gavetas
Saltam à vida
Como algo renascido
Mas que esteve sempre ali
Como um velho conhecido
Como um reviver sem fim
Ou um fazer sentido em sépia
Sempre a nos lembrar
Que é difícil
Dói jogar lembranças fora.

Vanessa Zordan


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fins



Passei para te ver, e não te vi
Voltei para me encontrar, e me perdi
Fui, voltei, fiquei...ficamos aqui
Era terno e doce o doce desses dias
Avizinhamos nossas vidas
Construímos intenso relicário
E agora tudo desabou
Chuva torrencial de orgulho
Com laços de cetim no embrulho
De uma história quase sem fim
Caí no conto do vigário
Revirei seu armário e nada encontrei.
Só o vazio a remexer meus sentidos
E a procurar sentimentos perdidos
No bolso da camisa xadrez
E nas curvas do colarinho
Deixei-me estar de mansinho
A procurar nas dobras incertas
O que outrora perdi de vez
Mas nada havia
Nem mesmo uma esperança tardia
Pois lá fora a chuva caía
Para brindar a tarde
E seus fins. 

Vanessa Zordan