quarta-feira, 24 de julho de 2013

Esperas



Na verdade, eu queria fazer beijinho de colher para você todos os dias. Não, todos os dias não, todas as semanas, senão viraríamos dois bujões. Ou melhor, eu queria fazer beijinho de colher para você toda vez que desse muita vontade, que é para não ficar enjoativo. Compartilharíamos do mesmo recipiente, cada um com sua colher, e quando menos esperássemos compartilharíamos também a colher, embaixo dos cobertores de uma noite fria, assistindo a um filme qualquer.
Na verdade, eu queria que minha vida ao seu lado não fosse enjoativa. Que tivesse o frescor de um beijinho de colher feito de vez em quando, e surpresas diárias, mesmo que as novidades fossem poucas. Qualquer história sua seria uma novidade, e me faria ter a certeza de que acertei em cheio no dia em que te vi e pensei mesmo que passaria a vida toda com você, nos seus olhos, no seu abraço, que me envolveria sempre que eu achasse que a vida era pesada demais. Eu também te abraçaria, e te faria esquecer seus medos, suas angústias e incertezas.
Na verdade, eu queria entrar na sua vida como vento súbito, arrebatador e inesquecível. E permanecer nela como brisa leve. E te ensinar que viver vale à pena, e aprender com você um quer que seja de novo do seu dia-a-dia, da sua profissão, e ficar boquiaberta pensando que nunca imaginaria que era assim, não fosse você para me esclarecer miudamente essa questão, esse ponto de vista, essa vida toda sem saber o que era o amor, o que era sentir uma vontade enlouquecedora de estar perto, de conversar, de saber mais.
Na verdade, eu queria sentir essa febre, esse quebranto, o encanto do novo, que despertaria meus sentidos e me arderia por dentro. Algo quase adolescente, e ao mesmo tempo tão adulto, e ao mesmo tempo tão certo, e sério, e vivo, e necessário, que não dá para acreditar que nossas vidas ainda correm separadas uma da outra. 
Na verdade, vivo de esperas...