sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Inteiros



O que era mais virou menos
O que era menos virou demais
Exageros, friezas
Um em cada ponta
Na linha que aponta a intolerância
Teceu nulidades aos corações

E o meio termo ficou ali, esquecido
Desavisado de ser quem é
Ou de não ser, quando quer

Meios termos não são metades
Metade é o meio do caminho
A meia maçã, a meia do pé
Meio termo é consciência
Sensatez, saber ceder,
Aceitar o outro como ele é

Crer que ao final do caminho
O pote é de ouro, não de espinhos
E pra isso há de se ter fé
Na eterna busca de meios termos
Não quaisquer
Mas que tragam em si
A lucidez de ser o que a gente é
Inteira a mente.

Vanessa Zordan

Além do mais




Além mar, além céu
Além espirro e papel

Além chuva, além sol
Além peixe no anzol

Além morte, além vida
Além sina que escraviza

Além ofício, além minuta
Além morte por cicuta

Além livro, além filme
Além algo que sublime

Além roupa, além batom
Além malas, e até que é bom

Além mato, além rua
Além passos para a lua

Além gato, além lixo
Além jantar e uivo dos bichos

Além sapo, além coacho
Além de tudo o que eu não acho

Além sorte, além jogo
Além tudo que dá nojo

Além mistério, além segredo
Além tudo que mete medo

Além da noite, além do dia
Além das terras e cercanias

Além do certo e do errado
Além do ser e seu legado.

Além... muito além
É a lembrança que se traz
Como a esperança que se faz
Do além, que é sempre mais.

Vanessa Zordan