A roupa ainda tem seu cheiro
Não quero lavar
A boca ainda sente seu beijo
Não quero esquecer
A memória ainda tem seu sorriso
Não quero apagar
O corpo ainda sente seu gosto
Não quero arrancar
Os dias ainda têm sua presença
Não quero que suma
E a noite ainda chora sua ausência
Sem receita nem cura
O domingo ainda vive esse tédio
Não há você aqui
E a semana se arrasta sem remédio
Não há como fugir
Os meses resumem-se a lembrar
Não vejo seu rosto de perto
O bimestre sufoca em não acabar
O mundo em meus olhos agora é deserto
As estações insistem em reviver
Não há mais seu ser em meu ser
O ano insiste em findar
Custando a me convencer
O inverno de novo acinzenta
E eu continuo aqui
Nem a primavera entre flores sustenta
O que deixou de existir.
Já que a roupa...ainda tem seu cheiro.
Vanessa Zordan
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