sábado, 3 de novembro de 2012

Reticências


O que me mata são as reticências...
Prefiro as exclamações
Com seu gozo efêmero e triunfante.

Vírgulas não me conquistam
Mesmo que tragam em seu significado,
A possibilidade de outras interpretações
Renascem, reinventam-se
Mas terminam quase sempre
Em um ponto final.
Este por sua vez pode ser triste
Um triste quase alegre
De começo de novos períodos
Não sobrevive por muito tempo
Um dia chega ao fim
E paira definitivo
Como o fechar pesado de um livro.
Mas são as reticências
Com suas setas vermelhas
A apontar caminhos incertos
(Mais de um, desgraçadamente),
Que me deixam inerte
A decifrar mentiras velhas
E erros recorrentes.
E nessa corrente tudo tropeça
Nos três pontos redondos
Rodopia no ar e cai.
Caem certezas junto.
São ótimas para encerrar histórias de amor.
Bem vindas para os esperançosos
Para os céticos, martírio
Um mar íntimo
Que deseja a lua, e não a tem.
O que me mata são as reticências...

Vanessa Zordan 

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