sábado, 3 de novembro de 2012

Um dia você aprende


Quero te ensinar
Mas você não aprende
A ser um bom rapaz

Desses que é amante na cama
E cúmplice na vida
Quero te ensinar
Mas você não se remenda
E não percebe que a emenda
Pode sair melhor que o soneto
Ah, quero te ensinar
Mas você não aprende
Que lugar de mulher é na cama sim,
Mas também no carro ao seu lado,
Na sala, na copa, nas janelas e olhos abertos
E aos cantos não aos prantos
Mas fazendo malabarismos
Você não aprende
Que lugar de mulher é na rua
E no sorvete compartilhado
No cinema sessão extraordinária
Nos contos fantásticos de Andersen
E nas discussões sobre Sartre
Mas você não aprende
Não aprende as delícias
Das coisas bem vindas
De um simples olhar
E das cores das meninas (dos olhos)
Que, dilatadas, colorem o dia
E fazem querer que ele acabe depressa
Só para a cabeça em seu peito deitar
E te deixar sentir meu cheiro
Em conversas intermináveis
Mas você não aprende
Não aprende os encantos
Da vida sem prantos
Ou do ciúme endoidecido
Que te rasga os sentidos
E se transforma em gemido
Na hora de amar.
Aprender, você não aprende
Não aprende a chorar
Pelas coisas da vida
E para as abertas feridas
Ter com quem contar.
Não aprende
A se perder em sorrisos
De um jeito querido
E se achar envolvido
Nas histórias que eu contar
Você não aprende, você nunca saberá.
Mas como nunca é tempo demais
Deixe aberto o coração
Para o acaso de algum dia
Alguém entrar

Um dia você aprende.

Vanessa Zordan 

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